Roberto Leal e sua história com Campinas
Roberto Leal nasceu em Macedo de Cavaleiros em Portugal e se mudou para o Brasil quando tinha 11 anos de idade com sua família. Em São Paulo trabalhou como sapateiro e feirante. Depois iniciou a carreira de cantor de fados e músicas românticas.
Em 1971 cantou pelo primeira vez o “Arrebita” no programa do Chacrinha na TV Globo, a partir daí nascia o maior cantor Luso Brasileiro da história, com mais de 30 discos de Ouro, 5 de Platina e mais de 500 troféus ao longo de sua carreira que durou mais de 45 anos.
Em 1977 o artista inicia sua turnê em Portugal, passando por outros países como África do Sul, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Suíça, Espanha, Austrália, Estados Unidos, Canadá e Argentina.
O auge do artista aconteceu nos anos 80 com presença constante em programas de televisão e agenda lotada de shows.
Com mais de 400 gravações, destaque para “Bate o Pé”, “Uma Casa Portuguesa”, “ A Festa ainda pode ser Bonita”, “ Como é linda minha Aldeia”.
Realizou ao longo de sua carreira mais de 5 mil shows e vendeu mais de 17 milhões de cópias/discos.
No ano de 2014 Roberto Leal lançou o álbum “ Obrigado Brasil”, com grandes clássicos do samba e com participação de alguns artistas como Luiz Carlos do Raça Negra, Arlindo Cruz, Alcione, entre outros. Uma forma de agradecimento aos brasileiros.
Seu mais recente álbum “Arrebenta a Festa” foi gravado em 2016, uma releitura do ritmo festivo do cantor.
História com Campinas
Roberto Leal já teve uma propriedade em Joaquim Egídio, onde costumava passar alguns dias junto de sua família, seus filhos ainda eram pequenos na época.
Mas sem dúvida sua maior história com Campinas foram suas apresentações na Casa de Portugal, situada na Rua Ferreira Penteado, no Cambuí.
Roberto Leal se apresentou por diversas vezes durante muitos anos na Casa, a Flash Campinas cobriu alguns shows, nosso Diretor Walter Fernandes enfatiza que:
“ O Roberto Leal foi o único artista de todos que cobri que me deu um beijo no rosto e agradeceu por estar ali, cobrindo seu show. Prova de um grande ser humano que ele foi, em um mundo cheio de vaidades e ego.”
E Walter Fernandes Completa:
“Roberto Leal é um artista único, seu público está desolado e órfão.
Não vejo um artista para substituí-lo.
Não temos um substituto para preencher sua vaga.
Ele é o típico artista assim como vários que tivemos no mundo, que quando vai embora deixa uma saudade eterna, pois não terá outro para dar continuidade no seu trabalho.”
Em Campinas o empresário Jota Santos do City Bar e City Tortas era um grande amigo e irmão de Roberto Leal, uma amizade e relação de muitos anos. Jota Santos está atualmente em Portugal mas nos concedeu uma entrevista exclusiva:
1) Em que ano e aonde você conheceu Roberto leal?
Foi através do também português e amigo José de Sá, empresário de Roberto por quase 50 anos. Foi bem no início da carreira, o Roberto Leal era de Volta Porca que pertence ao Conselho de Macedo de Cavaleiro, eu conheci primeiro José de Sá e com nossa relação acabei conhecendo Roberto Leal, foi na época que ele começou a ir no programa do Chacrinha, bem no início da carreira.
Como éramos portugueses que vieram cedo para o Brasil, eu com 15 anos de idade e Roberto com 12 anos, as semelhanças nas dificuldades nos uniu, por exemplo:
Seus pais tiveram 10 filhos, meus pais 9 filhos, na época nossas famílias vinham uma parte e depois outra, devido as dificuldades financeiras. O processo dele vir ao Brasil coincidiu muito com a minha história de vida.
As dificuldades que um imigrante português tem quando vai para qualquer país, pode ser Alemanha, Luxemburgo, Venezuela ou Brasil é muito grande, essas dificuldades e grande aventura de ser um imigrante no Brasil fortaleceram nossa amizade.
2) Você tinha uma relação muito íntima com ele, como era Roberto Leal?
A admiração era também de fã, apesar de termos a mesma idade, eu comecei a ver Roberto Leal como um artista brasileiro, achava até que ele fosse brasileiro, mas depois com o sotaque e o conhecimento é que vi que ele também era português.
Ele era uma pessoa excepcional, depois de um show de 2 horas ele atendia todas as pessoas para dar autógrafos e eu dizia a ele:
“Roberto por quê depois de 2 horas de show você cansado, suado, ainda gasta mais 2 horas atendendo as pessoas?”
E ele respondia:
“Jota Santos essas pessoas são especiais, todo mundo veio aqui para ver meu trabalho, eu não posso decepcioná-las, tenho que dar alegria a elas.”
3) Quais atividades e trabalhos vocês já fizeram juntos?
Eu cheguei a ser como um empresário para ele e nos últimos anos contratei vários shows dele como Presidente da Casa de Portugal de Campinas.
4) Qual o legado que Roberto Leal deixa para o Brasil, Portugal e a música?
Seu nome era Antonio Joaquim Fernandes, mas se projetou no mundo como Roberto Leal, através do professor de música Manuel Marques de Portugal, eu também tentei aprender guitarra portuguesa com Manuel Marques, mas não levava jeito para ser artista.
O legado que ele vai deixar será não só no Brasil e em Portugal, mas no mundo todo.
Jota Santos em Casa de Portugal de Campinas
Fotos: Walter Fernandes